Dificuldade de Aprendizado

Estatísticas mundiais indicam prevalência de 15 a 20% de dificuldade escolar no 1º ano, chegando até 30 a 50% nos primeiros 6 anos de escolaridade, tornando-se, assim, uma das principais causas de encaminhamentos para consulta neuropediátrica na idade escolar.

Tanto para o neurologista infantil como para pediatras, psiquiatras, psicólogos, pedagogos e fonoaudiólogos que se dedicam ao atendimento de crianças, as dificuldades para o aprendizado se constituem um constante desafio. O motivo pelo qual tantos especialistas estão envolvidos com o problema deve-se ao fato de que o sucesso na aprendizagem está estreitamente ligado ao sucesso do indivíduo.

A abordagem da dificuldade de aprendizado passa pelo entendimento e conhecimento do trinômio escola, família, criança, ou seja, para obtenção de um bom desempenho escolar, é preciso que cada uma das partes esteja funcionalmente adequada e haja uma integração e sincronia entre as mesmas.

Cabe à escola oferecer um espaço físico adequado com ambiente limpo, bem iluminado, seguro, e com limite de alunos por sala. Ainda do ponto de vista pedagógico, é importante a escolha do material didático, do método de ensino, e um corpo docente qualificado, motivado que interaja com a família e seja bem remunerado.

Da mesma maneira que na escola, em casa, também deve existir uma atmosfera favorável ao aprendizado. Do contrário, sabe-se que o desempenho acadêmico pode ser prejudicado em vista de  condições socioeconômicas insuficientes, abuso infantil, drogadição, alcoolismo, conflitos familiares, falta de rotinas de estudo e negligência por parte dos pais.

Infelizmente, mesmo que a escola seja perfeita e a família esteja empenhada e participativa, existem crianças com dificuldade de aprendizado. Essa limitação pode ser decorrente de problemas intrínsecos ao indivíduo, que podem ser emocionais ou orgânicos. Timidez excessiva, baixa auto estima, falta de limites, dificuldade de relacionamento, irritabilidade, agressividade, recusa em ir à escola e falta de motivação levantam a hipótese de envolvimento psicológico. Muitas doenças psiquiátricas podem estar diretamente relacionadas ao mau desempenho escolar, tais como ansiedade, depressão, transtorno de conduta, transtorno obsessivo compulsivo, dentre outras. Doenças crônicas como déficit auditivo e visual, asma, anemia, cardiopatia, diabete dentre outras, podem atrapalhar o processo de aprendizagem.

Dentre as doenças neurológicas que causam dificuldades do aprendizado destacamos: paralisia cerebral, seqüelas da prematuridade, de meningite e de traumatismo craniano, epilepsia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade ( TDAH ), deficiência mental, distúrbios de linguagem oral e escrita (dislalia – atraso na fala onde há troca ou supressão de letras; dislexia – dificuldade na leitura e na escrita), alterações nas praxias (coordenação motora) e gnosias (percepções auditivas, visuais, táteis) alterações na memória propriamente dita.

A abordagem terapêutica de cada criança deve ser individualizada dependendo dos principais problemas, mas sabe-se que na grande maioria das vezes, o tratamento ideal deve ser multidisciplinar, incluindo, conforme a necessidade, profissionais como fonoaudiólogo, psicomotricista, terapeuta ocupacional, psicopedagogo, psicólogo, fisioterapeuta, psiquiatra e neurologista.

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