TEA : Sugestões de intervenções

*texto adaptado conforme referência abaixo

RETRAIMENTO E ISOLAMENTO SOCIAL

A criança prefere brincar sozinha, mesmo quando se encontra em meio a outras crianças e demonstra dificuldades em compartilhar brinquedos e experiências.

INTERVENÇÃO: Encorajar a criança a ficar perto do grupo e utilizar os mesmos objetos e brinquedos que os colegas estão usando, mesmo que não participe plenamente da atividade. Provocar a curiosidade da criança oferecendo a ela materiais ou objetos que os outros alunos estão usando e incentivá-la a imitá-los. Propor que os outros alunos brinquem com a criança, trazendo-os para participarem da atividade que ela estiver fazendo.

 

AVERSÃO OU DESCONFORTO AO CONTATO FÍSICO

A criança se afasta de quem a toca, recusa beijos e abraços, irrita-se etc.

INTERVENÇÃO: Deixar que ela tome a iniciativa, por exemplo, pedir um abraço ao invés de abraçá-la. Ensinar aos outros alunos a possibilidade de demonstrar carinho pela criança usando menos o contato físico, por exemplo, por meio verbal ou oferecendo-lhe objetos de seu interesse.

 

BUSCA EXCESSIVA PELO CONTATO FÍSICO

A criança abraça ou toca excessivamente o adulto ou outra criança ou encosta-se neles sempre que tem a oportunidade.

INTERVENÇÃO: Fazer combinados com a criança, estabelecendo claramente para ela os limites para o contato físico com as outras pessoas.

 

POUCO CONTATO VISUAL

A criança evita ou olha menos nos olhos dos interlocutores, do que as crianças típicas.

INTERVENÇÃO: Estimular o contato visual: abaixar-se até a altura da criança, dizer o seu nome e olhá-la nos olhos antes de falar com ela. Mostrar para a criança objetos que a interessem, aproximando-os do seu rosto. Conduzir as mãos da criança até o seu rosto, estimulando o contato físico.

 

RIGIDEZ DE COMPORTAMENTO E RESISTÊNCIA A MUDANÇAS DE ROTINAS

A criança se desorganiza diante de fatos inesperados, irritando-se, ficando ansiosa e não conseguindo dar prosseguimento às atividades seguintes.

INTERVENÇÃO:Procurar sempre que possível, antecipar as mudanças que irão ocorrer para que a criança consiga se programar e se organizar. Fazer combinados sobre as mudanças que acontecerão, ordenando cronologicamente cada etapa das novas atividades e oferecendo para criança opções de escolha, para que sua frustação seja menor.

 

FOCOS RESTRITOS DE INTERESSE

A criança somente se interessa por um determinado tema ou personagem, por exemplo, dinossauros, homem-aranha etc e não demonstra interesse por qualquer outra atividade que não tenha relação com o seu foco de interesse.

INTERVENÇÃO: Utilizar seus assuntos preferidos, para introduzir novos estímulos, motivando-a a interagir com novos objetos e atividades, conduzindo-a gradualmente a ampliar seu repertório de interesses.

 

EXPLOSÕES COMPORTAMENTAIS

Podem ocorrer devido à rigidez de comportamento da criança, mas também pela dificuldade de compreender o que os outros dizem ou de expressar seus próprios pensamentos. Surge então, uma sensação de confusão e frustração que geralmente culmina em um episódio de colapso mental, acompanhado de gritos, choro, auto e heteroagressões e outras formas disruptivas de comportamento.

INTERVENÇÃO: Esperar até que a criança se acalme e buscar um canal simples de comunicação, usando, se necessários, auxílios visuais (gravuras, fotos, etc) gestuais (mímicas, encenações) ou verbais (palavras isoladas, sons, músicas). Jamais ceder à demanda da criança ou tentar distraí-la enquanto estiver em um episódio colapso mental, pois isso irá reforçar o comportamento indesejável. Gradativamente será possível identificar os gatilhos desses comportamentos para evitá-los.

 

MOVIMENTOS REPETITIVOS E ESTEREOTIPADOS

A criança realiza movimentos intencionais, repetitivos, frequentemente ritmados e sem finalidade aparente (balançar o corpo, as mãos ou a cabeça, bater as mãos na mesa ou em um objeto, pular, balançar, fazer caretas, bater palmas etc…) Em algumas situações podem se manifestar com maior intensidade e agressividade, denotando um aumento de ansiedade ou desorganização sensorial, tais como: bater a cabeça, morder outras pessoas ou a si mesmo, puxar os cabelos etc…

INTERVENÇÃO: Procurar diminuir os estímulos do ambiente e esperar que a criança se acalme e se reorganize. Dar função às partes do corpo que realizam a estereotipia; por exemplo, bater palmas ao invés de balançar as mãos (flapping). Criar brincadeiras funcionais com os objetos usados pela criança nas estereotipias.

 

AGITAÇÃO MOTORA

A criança corre desordenadamente pela sala, não parando quieta e não respondendo aos comandos

INTERVENÇÃO: Procurar manter o ambiente o mais equilibrado possível, com uma rotina previsível. Procurar orientar sua agitação física para uma atividade estruturada, como por exemplo, chutar uma bola em direção a um alvo, pular em uma cama elástica, etc. Estabelecer pausas programadas conduzidas pela mediadora.

 

MANUSEIO INAPROPRIADO DE OBJETOS

Rodopiar objetos, girar as rodinhas dos carrinhos inúmeras vezes, enfileirar objetos, agrupá-los por cores e/ou formas, colocar os brinquedos na boca etc.

INTERVENÇÃO: Ensinar à criança a função e o manuseio correto de cada objeto, de forma divertida e estimulante, aproveitando o seu foco de interesse. Pode-se usar auxílios visuais, como gravuras, fotos e vídeos ou deixar que a criança observe outras crianças brincando ou manuseando corretamente os brinquedos e objetos. É importante não impedir o manuseio atípico dos objetos e brinquedo pela criança, o que poderia gerar frustração e episódios de “birra”. Ao contrário, deve-se atrair a atenção da criança com estímulos atraentes e motivadores, levando-a a aprender novos usos para os objetos.

 

HIPERSENSIBILIDADE A BARULHOS

A criança se irrita, tampa os ouvidos com as mãos, se isola do grupo buscando lugares mais tranquilos, e não atende aos comandos.

INTERVENÇÃO:Tranquilizar a criança quando exposta a barulhos mais intensos e redirecioná-la à atividade/brincadeira anterior, tratando a situação com simplicidade e não valorizando as reações excessivas. Solicitar aos outros alunos da sala que façam menos barulho e explicar o motivo da solicitação, buscando assim que os colegas também se automonitorem e participem do processo de inclusão escolar da criança com TEA.

 

DIFICULDADE DE COMPREENSÃO VERBAL

A criança não compreende o significado dos comandos verbais ou decodifica apenas as palavras principais sem compreender o significado completo da mensagem.

INTERVENÇÃO: Dividir a informação em partes menores e dar um único comando de cada vez. Dar instruções individuais para a criança, mesmo que a informação já tenha sido dada coletivamente ao grupo. Associar estratégias visuais aos comandos verbais para facilitar a compreensão da criança, dar uma oportunidade para ela realizar o comando e, na ausência de resposta, ajudá-la fisicamente garantindo a execução da tarefa e reforçando-a, imediatamente.

 

ATRASO DA FALA

Vocabulário restrito, uso impróprio das palavras, dificuldades em se expressar.

INTERVENÇÃO: Mostrar constantemente os objetos, nomeando-os. Chamar a criança pelo nome e incentivá-la a apontar e expressar suas vontades e necessidades através de gestos ou verbalizações. Implantar alguma técnica de Comunicação suplementar ou alternativa nos casos em que isso se fizer necessário.

 

ECOLALIAS

É uma repetição sem significado e sem propósito aparente. A criança repete o que escuta, às vezes total ou parcialmente, imediata ou tardiamente, mas não é capaz interpretar o sentido da fala.

INTERVENÇÃO: Buscar a comunicação através de frases curta e simples ou palavras isoladas acompanhadas de estímulos visuais e gestos. Quando a criança demonstrar qualquer indício de compreensão verbal ou intenção comunicativa, incentivá-la a se expressar verbalmente e elogiá-la por isso. Tentar dar sentido à ecolalia conversando com a criança sobre o assunto que ela está repetindo.

 

DIFICULDADE PARA SIMBOLIZAR E COMPREENDER CONTEÚDOS SUBJETIVOS

A criança apresenta dificuldades nos jogos ou brincadeiras de imitação social e na criação de cenas imaginárias e não demonstra interesse por brincadeiras de faz de conta.

INTERVENÇÃO: Trabalhar a função simbólica através de histórias, músicas, atividades de artes, livros, etc. Incentivar o vínculo afetivo com seus pares, propondo atividades que estimulem a imaginação e a criatividade. Incentivar e elogiar a criança em cada pequeno avanço simbólico e ajudá-la a ampliar seu repertório de brincadeiras. Garantir que a criança já possua habilidades de imitação bem estabelecidas.

 

*TEXTO ADAPTADO DA REFERÊNCIA
Capítulo: A inclusão na pré-escola das autoras Aline Abreu Andrade, Cláudia Teresinha Facchin, Manuela Correia, Vivianne Lima Campos Moura; do livro: Intervenção precoce no autismo: guia multidisciplinar de 0 a 4 anos / organizador : Dr. Walter Camargos Junior – Belo Horizonte: Ed. Artesã, 2017

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