Dislexia – noções básicas

O termo dislexia foi usado pela 1ª vez em 1872, e em 1896 a situação peculiar de um paciente cognitivamente adequado com dificuldade para leitura foi denominada de “cegueira verbal”, na tentativa de ilustrar uma doença que estava sendo percebida. Trata-se de um problema onde indivíduos com inteligência normal têm dificuldade para aprender a ler e escrever.

“Quando leio, somente escuto o que estou lendo e sou incapaz de lembrar da imagem visual da palavra escrita.” Frase do mais ilustre disléxico: Albert Einstein.

A definição de 1975 segundo a Federação Mundial de Neurologia diz que dislexia é um transtorno manifestado por dificuldade na aprendizagem da leitura, independentemente da instrução convencional, inteligência adequada e oportunidade sociocultural.

Já pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-IV de 1995, a dislexia é caracterizada como comprometimento acentuado nas habilidades de reconhecimento das palavras e da compreensão da leitura. É importante frisar que, para o diagnóstico, isso deve ocorrer em crianças com potencial intelectual normal, sem déficits sensoriais e com suporte educacional e pedagógico adequados. Além disso, essa incapacidade deve interferir significativamente no desempenho escolar ou nas atividades da vida diária que requerem habilidades de leitura.

É um problema relativamente comum, pois estudos americanos mostram prevalência entre 3 e 18% e o trabalhos brasileiros falam em taxas ao redor de 12,1%, nas crianças em idade escolar.

As causas são genéticas ou adquiridas ou, ainda, uma associação das duas. É muito importante a avaliação do histórico familiar, que muitas vezes é dominante.

A leitura oral no disléxico é caracterizada por omissões, distorções e substituições de palavras e pela leitura lenta e vacilante, onde a compreensão da leitura também está prejudicada. Essa situação ocorre mesmo quando a compreensão da língua falada for normal.

A sintomatologia básica da dislexia se traduz pela dificuldade de alfabetização, os pais e professores comentam que a criança parece não ter interesse  ou ter muita dificuldade, na leitura e/ou escrita, mas para outras atividades se mostra capaz. Em alguns casos pode simular falta de atenção, ansiedade, agressividade, depressão ou hiperatividade, pois, por apresentar dificuldade, a criança perde o interesse e tem alterações comportamentais.

A avaliação neurológica inicia pela observação das capacidades visuais e auditivas. No exame neurológico evolutivo, pode-se perceber a lateralidade mal estabelecida e também temos de avaliar as funções corticais superiores que incluem as gnosias, praxias, atenção e memória. Em seguida deve-se avaliar a produção textual da criança, que é onde poderemos observar os principais sinais, tais como:
– leitura e escrita, muitas vezes incompreensíveis;
– confusões de letras com diferente orientação espacial (p/q; b/d);
– confusões de letras com sons semelhantes (b/p; d/t; g/j;s/z);
– inversões de sílabas ou palavras (par/pra; lata/alta);
– substituição de palavras com estrutura semelhante (contribui/construiu);
– supressão ou adição de letras ou de sílabas (caalo/cavalo; berla/bela);
– repetição de sílabas ou palavras (eu jogo jogo bola, bolo de chococolate);
– fragmentação incorreta (querojo garbola/quero jogar bola);
– dificuldade para entender o texto lido.

Embora o diagnóstico de dislexia seja clínico, neurológico, psicopedagógico e fonoaudiológico, muitas vezes é preciso lançar mão de exames complementares para, como diz o nome, complementar informações ou observar comorbidades. Entre esses exames estão os estudos neurofisiológicos como o eletroencefalograma, testes neuropsicológicos e pedagógicos que contemplem os aspectos cognitivos e afetivos.
O tratamento está centrado na reeducação da linguagem escrita, abordando todos os aspectos envolvidos, de uma maneira interdisciplinar, mas orientado por profissional da fonoaudiologia e da psicopedagogia treinado para trabalhar com transtorno específico da linguagem escrita.

O disléxico deve progredir na escolaridade, independentemente das dificuldades em leitura e escrita. Deve estar claro que o problema não é devido à falta de motivação, à desinteresse ou à deficiência cognitiva.

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