Dislexia – Como ajudar?

O diagnóstico baseia-se nos critérios do DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística) o qual denomina transtorno específico da linguagem quando:
– o rendimento da leitura e escrita está abaixo do esperado para idade cronológica, em criança com inteligência normal e com escolaridade apropriada para sua idade;
– a dificuldade na compreensão da leitura interfere significativamente no rendimento escolar ou nas atividades da vida diária que exigem habilidades de leitura;
– leitura lenta, com esforço, com trocas de letras ou de palavras inteiras, dificuldade em soletrar;
– dificuldade na interpretação de textos e de enunciados matemáticos;
– escrita com trocas, inversões e omissões de letras ou separações e aglutinações inadequadas de palavras, escrita espelhada;
– na presença de um déficit sensorial, as dificuldades de leitura excedem aquelas esperadas nessa associação;
– histórico familiar de dislexia (pode ser ou ter sido um quadro leve), que com freqüência é dominante;
– a clara modificação para melhor, com a idade, permanecendo na maior parte do tempo dificuldades sutis;
– a presença frequente de comorbidades, como déficit de atenção, de memória, dificuldades visoespaciais, além de falta de motivação.

O disléxico deve progredir na escolarização, independentemente das dificuldades na leitura e escrita. Deve estar claro que o problema NÃO É DEVIDO A FALTA DE MOTIVAÇÃO OU À PREGUIÇA.

Algumas normas foram elaboradas e são sugeridas para otimizar o rendimento e ao mesmo tempo, TENTAR EVITAR PROBLEMAS DE FRUSTRAÇÃO E BAIXA AUTOESTIMA, muito freqüentes nos disléxicos.

– dar a entender ao disléxico que seu problema é conhecido e que será feito o possível para ajudá-lo;
– dar-lhe uma atenção especial e encorajá-lo a perguntar em caso de alguma dúvida. Para tanto seria recomendável que o disléxico sentasse perto do professor para facilitar a ajuda;
– comprovar sempre que o material oferecido para ler é apropriado ao seu nível leitor, não pretendendo e não cobrando que alcance um nível leitor igual ao dos colegas;
– destacar sempre os aspectos positivos em seus trabalhos e não fazê-lo repetir um trabalho escrito pelo fato de tê-lo feito mal;
– evitar que tenha de ler em público!!, mas se for vontade do aluno temos de incentivá-lo. Em situações que isso é absolutamente necessário, oportunizar que ele prepare a leitura em casa;
– aceitar que se distraia com maior facilidade que os demais, posto que a leitura lhe exige um grande esforço;
– nunca ridicularizá-lo!!;
– ensinar a resumir anotações que sintetizem o conteúdo de uma explicação;
– permitir o uso de meios informáticos e de corretores ortográficos;
– permitir, se necessário, o uso da calculadora (disléxicos têm maior dificuldade em memorizar a tabuada) e de gravador. Particularmente no ensino superior, o disléxico é beneficiado ao gravar as aulas já que tem dificuldade para ouvir e escrever ao mesmo tempo. A gravação lhe garantirá tranqüilidade no momento de participar da aula e, ao mesmo tempo, possibilitará ouví-la várias vezes em casa para aprender melhor o conteúdo, pois sua capacidade de entendimento pela audição é melhor do que pela leitura;
– usar materiais que permitam visualizações (figuras, gráficos, ilustrações) para acompanhar o texto impresso;
– evitar, sempre que possível, a cópia de textos longos do quadro de giz, dando-lhe uma fotocópia;
– diminuir os deveres de casa envolvendo leitura e escrita;
– realizar, sempre que possível, avaliações orais – conduta válida em todos os níveis de ensino, particularmente no ensino superior;
– prever tempo extra como recurso obrigatório, não opcional, pois a capacidade de aprender do disléxico está intacta e ele simplesmente precisa de tempo para acessá-la. Como o disléxico não automatizou a leitura, terá que ler pausadamente, com muito esforço, e se apoiar nas habilidades mais altas de pensamento. Ele precisa utilizar o contexto para entender o significado da palavra, um caminho mais longo e indireto e que requer um tempo extra;
– evitar a utilização de testes de múltipla escolha que, pelo fato de descontextualizarem as informações e reduzirem o tempo de execução, tornam-se muito difíceis para o disléxico. Esses testes não são indicadores fiéis de conhecimento adquirido por ele;
– valorizar sempre os trabalhos pelo seu conteúdo e não pelos erros de escrita;
– em casos graves, oportunizar um local tranqüilo ou sala individual para fazer testes ou avaliações para que o disléxico possa focar a sua atenção na tarefa que tem para realizar. Qualquer barulho ou distração atrapalhará a leitura, fazendo com que ele mude a atenção da leitura, o que interfere no desempenho do teste.

Fonte: Capítulo de Dislexia: visão fonoaudiológica e psicopadagógica , escrito por Sônia Moojen e Márcio França , no livro Transtornos da Aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar.

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