Discalculia

 

Dificuldades

Manifestações

Dificuldade na identificação de números O aluno pode trocar os algarismos 6 e 9, 2 e 5, dizer dois quando o algarismo é quatro.
Incapacidade para estabelecer uma  correspondência recíproca Dizer  o  número  a  uma  velocidade  e expressar, oralmente, em outra.
Escassa habilidade para contar compreensivamente “Decorar” rotina dos números, ter déficit de memória, nomear de forma incorreta os números relativos ao último dia da semana, estações do ano, férias.
Dificuldade na compreensão dos conjuntos Compreender de maneira errada o significado de um grupo ou coleção de objetos.
Dificuldade na conservação Não conseguir compreender que os valores 6 e 4 + 2 ou 5 + 1 se correspondem; para eles, somente significam mais objetos.
Dificuldade no cálculo O déficit de memória dificulta essa aprendizagem. Confusão na direcionalidade ou apresentação das operações a realizar.
Dificuldade na compreensão do conceito de medida Não conseguir fazer estimativas acertadas sobre algo quando necessitar dispor das medidas em unidades precisas.
Dificuldade para aprender a dizer as horas Aprender as horas requer a compreensão dos minutos e segundos e o aluno com discalculia quase sempre apresenta problemas
Dificuldade  na  compreensão do valor das moedas Tem problemas na aquisição da conservação da quantidade em relação à moedas, por exemplo: 1 moeda de 25 = 5 moedas de 5.
Dificuldade  na  compreensão da linguagem matemática e dos símbolos Adição, subtração, multiplicação, divisão, +, -, x, ÷.
Dificuldade em resolver problemas orais O déficit de decodificação e compreensão do processo leitor impedirá a interpretação correta dos problemas orais.

Prevalência

Pesquisas recentes demonstram que, por exemplo, a Discalculia (do grego dis+ cálculo significa dificuldade ao calcular) acomete cerca de 4% a 6% da população mundial, com pesquisa realizada somente com crianças, não incluindo os adultos. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, em 2012, revelou que de 5% a 8% dos alunos americanos ou de outras nacionalidades matriculados em escolas americanas são discálculicos, ou seja, em uma sala com 30 alunos, dois ou três apresentam esse transtorno.

 

Quadros associados

Cerca de 40% das crianças com discalculia do desenvolvimento apresentam dificuldades associadas de aprendizagem da aritméticas. Nas crianças com dislexia as dificuldades aparecem sob a forma de déficits na leitura dos símbolos ou operadores aritméticos: “+”, “_”, “X”, “/”. Freqüentemente as crianças disléxicas também apresentam dificuldades com a memorização dos fatos aritméticos, precisando fazer contas com os dedos.

Um outro grupo de crianças com dificuldades persistentes de aprendizagem da aritmética apresenta sintomas associados do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, caracterizados por déficits de concentração, impulsividade e agitação. Estas crianças têm dificuldades de memória que as impedem de armazenar corretamente os fatos aritméticos. A criança começa a ler uma conta, aí se distrai, já não se lembra mais o que fazer, aprende errado etc.

Um terceiro grupo de crianças com discalculia do desenvolvimento têm déficits associados a problemas no processamento visoespacial. A notação arábica permite que diversas operações aritméticas sejam realizadas por meio de algoritmos que facilitam os cálculos. Ocorre que os algoritmos arábicos exigem que o indivíduo tenha a capacidade de representar e manipular informações de natureza visoespacial P. ex., o sistema notacional arábico se baseia no conceito de valor posicional. Isto é, conforme a posição ocupada pelo algarismo, da direita para a esquerda, ele vai assumir o valor de um múltiplo de 10. Este é um dos conceitos mais difíceis para diversas crianças com discalculia. As dificuldades com o valor posicional se tornam mais evidentes quando é necessário usar os algoritmos arábicos para operações com números de dois ou mais algarismos que exigem empréstimos entre as casas.

Finalmente, algumas crianças com discalculia apresentam deficiências na própria noção de número. Os seres humanos dispõem de dois sistemas principais para representar as noções de número ou magnitude, um sistema aproximativo e um sistema exato. O sistema aproximativo ou inexato é de natureza não-simbólica, sendo muito importante quando queremos estimar, de forma grosseira, o tempo necessário para realizar uma tarefa, ou a quantidade de um certo ingrediente que se deseja acrescentar em uma receita. A representação precisa de número depende da interação do sistema não-simbólico com a linguagem. É somente através dos símbolos verbais ou algarismos arábicos que conseguimos representar de forma exata as quantidades. A criança adquire a noção precisa de numerosidade aprendendo a contar. As evidências disponíveis sugerem que algumas crianças com discalculia do desenvolvimento têm dificuldades mais graves, devidas a uma insuficiência de desenvolvimento da própria noção de número.

 

Classificação

Kocs (apud García, 1998) classificou a discalculia em seis subtipos, podendo ocorrer em combinações diferentes e com outros transtornos:

  1. Discalculia Verbal – dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações.
  2. Discalculia Practognóstica – dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente.
  3. Discalculia Léxica – Dificuldades na leitura de símbolos matemáticos.
  4. Discalculia Gráfica – Dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.
  5. Discalculia Ideognóstica – Dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos.
  6. Discalculia Operacional – Dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.

 

Manejo

 

A escola e o professor devem proporcionar à comunidade escolar atividades de conscientização sobre Discalculia. Aulas, debates e vídeos são algumas das estratégias úteis para esse fim.

 

A escola precisa assegurar a comunicação permanente com os profissionais que atendem o aluno para definir o tipo (verbal, de procedimento ou semântica), grau da Discalculia que apresenta e as melhores medidas de suporte escolar que se aplicam ao caso. Isso permite estimular em sala de aula aspectos trabalhados na clínica, tornando o processo interventivo integrado e muito mais eficaz.

 

O professor deve colocar o aluno para sentar-se próximo a sua mesa e à lousa já que muito frequentemente acaba se distraindo com facilidade em decorrência de suas dificuldades e/ou desinteresse. Essa medida tende a favorecer também o diálogo, orientação e acompanhamento das atividades, além de fortalecer o vínculo afetivo entre ambos.

 

Intervenções que ajudam a inclusão de crianças com Discalculia Verbal (o aluno não sabe os fatos aritméticos, tabuadas):

 

 

Intervenções que ajudam a inclusão de crianças com Discalculia de Procedimento (o aluno não abe como fazer a conta):

 

Intervenções que ajudam a inclusão de crianças com Discalculia Semântica (o aluno não tem noção do que é maior e menor, longe e perto e plausibilidade da resposta, por exemplo: 48-34 = 97):

 

 

FONTES:

 

Discalculia na sala de aula de matemática: Diagnóstico e intervenção :José Marcelo Guimarães Villar

 

Cartilha da Inclusão Escolar : Essa cartilha é de domínio público e pode ser baixada gratuitamente através do site: www.aprendercrianca.com.br

 

Discalculia do desenvolvimento em crianças de idade escolar: triagem populacional e caracterização de aspectos cognitivos e genético-moleculares // Coordenadores: Vitor Geraldi Haase (Psicologia, UFMG), Maria Raquel Santos Carvalho (Biologia Geral, UFMG) & Klaus Willmes-von Hinckelday (Neuropsicologia, Universidade de Aachen, RFA)

 

DISCALCULIA: O CÉREBRO E AS HABILIDADES MATEMÁTICAS // Letícia da Silva Pimentel e Isabel Cristina Machado de Lara

 

CARRAHER, Terezinha Nunes (Org.). Aprender Pensando. Petrópolis, Vozes, 2002.

 

GARCÍA, J. N. Manual de Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre, ArtMed, 1998.

 

JOSÉ, Elisabete da Assunção, Coelho, Maria Teresa. Problemas de aprendizagem. São Paulo, Ática, 2002.

RISÉRIO, Taya Soledad. Definição dos transtornos de aprendizagem. Programa de (re) habilitação cognitiva e novas tecnologias da inteligência. 2003.

 

http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=133>

 

 

 

Ver mais: