Entendendo a Epilepsia

Definição:
É uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada. Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente.

Sintomas:
Em crises de ausência, a pessoa apenas apresenta-se “desligada” por alguns instantes, podendo retomar o que estava fazendo em seguida. Em crises parciais simples, o paciente experimenta sensações estranhas, como distorções de percepção ou movimentos descontrolados de uma parte do corpo. Ele pode sentir um medo repentino, um desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente. Se, além disso, perder a consciência, a crise será chamada de parcial complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Tranqüilize-a e leve-a para casa se achar necessário. Em crises tônico-clônicas, o paciente primeiro perde a consciência e cai, ficando com o corpo rígido; depois, as extremidades do corpo tremem e contraem-se. Existem, ainda, vários outros tipos de crises. Quando elas duram mais de 30 minutos sem que a pessoa recupere a consciência, são perigosas, podendo prejudicar as funções cerebrais.

Diagnóstico:
Exames como eletroencefalograma (EEG) e neuroimagem são ferramentas que auxiliam no diagnóstico. O histórico clínico do paciente, porém, é muito importante, já que exames normais não excluem a possibilidade de a pessoa ser epiléptica. Se o paciente não se lembra das crises, a pessoa que as presencia torna-se uma testemunha útil na investigação do tipo de epilepsia em questão e, conseqüentemente, na busca do tratamento adequado.

Causas:
Muitas vezes, a causa é desconhecida, mas pode ter origem em ferimentos sofridos na cabeça, recentemente ou não. Traumas na hora do parto, abusos de álcool e drogas, tumores e outras doenças neurológicas também facilitam o aparecimento da epilepsia.

Qual é a expectativa de vida de um epiléptico?
Os cuidados que se devem ter não são muito diferentes do que os cuidados que qualquer pessoa que se preocupa com a saúde deve tomar. O mais importante é que, se o tratamento for eficaz, o paciente poderá fazer tudo que um não epiléptico faz. Portanto, não é um fator que diminui a expectativa de vida da população em relação à população não epiléptica.

Cura:
Em geral, se a pessoa passa anos sem ter crises e sem medicação, pode ser considerada curada. O principal, entretanto, é procurar auxílio o quanto antes, a fim de receber o tratamento adequado. Foi-se o tempo que epilepsia era sinônimo de Gardenal, apesar de tal medicação ainda ser utilizada em certos pacientes. As drogas antiepilépticas são eficazes na maioria dos casos, e os efeitos colaterais têm sido diminuídos. Muitas pessoas que têm epilepsia levam vida normal, inclusive destacando-se na sua carreira profissional.

Educação e trabalho:
Com diagnóstico e tratamento adequados, aproximadamente 80 – 90 % das crianças terão suas crises controladas com um mínimo de efeitos indesejados. Isso lhes permitirá acesso a uma vida normal. O tempo de crise é infinitamente pequeno em relação ao restante do tempo sem crises, e a criança não deve organizar sua vida ou restringir atividades escolares em função desses momentos críticos. Os pais devem avisar os professores da condição da criança e orientá-los. Quem tem epilepsia controlada, tem vida absolutamente normal, e mesmo quem passa por crises só fica abalado durante os poucos minutos em que elas acontecem.

Aspectos importantes para uma convivência sadia:
A família não deve tratar desse assunto como um problema, tampouco tentar evitá-lo. A criança deve discutir sua condição abertamente, para começar a vê-la como algo positivo desde cedo.  A superproteção deve ser evitada, pois leva a alterações de comportamento e personalidade.

Porque e como devemos tratar?
A principal justificativa para se iniciar o tratamento com medicamentos é o aspecto psicossocial, que se reflete em diversas áreas: na independência do indivíduo, no emprego, no ato de dirigir veículos, nas atividades de lazer e esportivas, ou seja, na integração social do paciente e nos aspectos psicológicos associados. Mesmo quando o médico não descobre a causa da epilepsia, o tratamento medicamentoso é iniciado. A escolha, pelo médico, da medicação dependerá do tipo de crise que o paciente apresenta. O paciente deverá tomar a medicação prescrita regularmente. Esquecer doses, ficar sem recitas ( essas medicações exigem controle de receituário ) ou tomar dosagens menores do que as prescritas podem levar ao fracasso do tratamento.

Recomendações:
Não ingerir bebidas alcoólicas, não passar noites em claro, ter uma dieta balanceada, evitar uma vida estressada demais. Natação é um ótimo esporte, mas indivíduos com epilepsia devem nadar em ambientes protegidos pelo risco de ter uma crise e afogar-se. Esportes de alto risco, tal como alpinismo, asa-delta, mergulho e corrida de automóvel são contra-indicados.

No momento da crise:
Se a crise durar menos de 5 minutos e você souber que a pessoa é epiléptica, não é necessário chamar um médico. Acomode-a, afrouxe suas roupas (gravatas, botões apertados), coloque um travesseiro sob sua cabeça e espere o episódio passar. Mulheres grávidas e diabéticos merecem maiores cuidados. Depois da crise, lembre-se que a pessoa pode ficar confusa, sonolenta ou agitada.
– mantenha-se calmo, não se apavore
– acalme-a ou leve-a para casa.
– coloque algo macio sob a cabeça da pessoa para protegê-la de batidas contra o solo
– deite-a de lado para facilitar a respiração e o escoamento da saliva
– não coloque nada em sua boca
– não tente segurar a língua, pois ela não enrola
– não dê nada para ela beber ou cheirar
– não tente conter seus movimentos
– fique a seu lado até que ela se recupere. Algumas pessoas ficam confusas e sonolentas após a crise
– se a crise durar mais do que 5 minutos, procure atendimento médico.

Nunca esqueça que o epiléptico é uma pessoa como qualquer outra. Nos aspectos mais importantes da vida, o epilético, como todos os outros, tem suas limitações, necessidades e algo a oferecer.
Fonte: Liga Brasileira de Epilepsia

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